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Conheça a história do nosso município.

Nas narrativas das suas origens verifica‐se que a cidade de Serra Azul de Minas teve em seus primórdios semelhança com outras localidades históricas de Minas Gerais que quase sempre remontam às bandeiras ‐ os sertanistas de São Paulo, que, a partir do início do século XVI, penetraram nos sertões brasileiros em busca de riquezas minerais (ouro, prata e pedras preciosas). A historiografia relata que a famosa bandeira chefiada pelo paulista Fernão Dias Paes Leme, o “caçador de esmeraldas”, vasculhou toda a região denominada Serro do Frio, onde o bandeirante teria encontrado a famigerada lagoa do Vupabuçu e, de onde extraiu as “pedras verdes” (esmeraldas) que levaria ao reino do Portugal para avaliação. Contudo, já idoso e com saúde debilitada, veio a falecer no caminho de volta ao planalto do Piratininga, levando consigo as pedras e as informações da localização exata da lagoa perdida nos sertões e matas do Serro do Frio.
Corria o ano de 1701 quando chegou à região uma expedição chefiada pelo Guarda‐Mor Antônio Soares Ferreira dando início ao povoamento. Na terra habitada por índios e chamada por eles de Ivituruí, que significa “serro frio”, descobriu‐se mais jazidas de ouro e logo após os diamantes, dando início ao “Ciclo do Diamante”. Outrossim, é sem dúvida que devido à localização das paisagens do atual território de Serra Azul de Minas, entre a Vila do Príncipe, hoje Serro, e Vila do Tijuco, atual Diamantina, e também devido à presença de jazidas auríferas nessa região, que tenha possibilitado um afluxo de pessoas para o local situado entre os vales do rio Vermelho e o córrego São João, isso logo nos princípios do século XVIII.Sabe‐se que a região possuía minas que foram exploradas exaustivamente durante quase cem anos. No início do século XIX, com a decadência da mineração, somente alguns mineradores, encorajados pelo governo, conseguiam arcar com os altos custos da mineração.

 

A grande maioria da população passou a se dedicar à agricultura de subsistência, atividade que perdura até a atualidade,devido à localização geográfica da região. O empobrecimento das minas interfere na vida econômica e social do lugar. Em 1817, o naturalista francês August de Saint Hilaire1, em visita ao Serro, relata que não havia nenhum estabelecimento de lazer, e a diversão ficava a cargo da caça ao veado, prática comum na região até os dias atuais. Este território destacou‐se como um lugar para pouso de tropeiros que faziam a rota de Diamantina ao Serro, no transporte de víveres e mercadorias ou mesmo nos contrabandos e extravios de ouro e diamantes. Conhecido inicialmente como “Casa de Telha” teve nesse topônimo a constatação de uma de suas vocações naturais, isso devido aos esforços de um dito Paulo Vieira, português, artífice renomado que produzia utensílios com argila (bastante recorrente nas margens dos córregos e riachos); fabricava jarros, potes e bilhas.
Experimentou o fabrico da telha, obtendo sucesso, logo cobriu sua morada com as mesmas.Assim, o lugar ficou conhecido nas primeiras décadas dos oitocentos como “Casa de Telha”, isso em referência à sua olaria, e a essa novidade (cobertura de telhas), pois os outros casebres eram cobertos com sapé e palha de coco. Este senhor ficou conhecido em toda região, bem como a excelência de seu ofício. O arraial que surgiu nos arredores de sua casa conservou‐se com o nome Casa de Telha até meados do século XX com a emancipação política.Situado numa região lúgubre e de difícil acesso, Casa de Telha, além de hospedaria, possuía um comércio considerável, haja vista a disposição das casas, com portas alinhadas nas fachadas térreas voltadas para os arruamentos principais, ficando os cômodos íntimos de residências aos fundos ou no pavimento superior.

 

De acordo com entrevistas com moradores antigos coletadas pela pesquisadora Cláudia Francisca Souza Prado, pode‐se verificar importantes aspectos da vida social no lugar, mas principalmente o modus operandi de ocupação do espaço geográfico e as agruras daquele tempo. Dona Edir Sabino explica em depoimento:“… porque Diamantina com sua grande produção mineradora de ouro e pedras preciosas, por Casa de Telha passava grande fluxo de tropeiros que iam levar mercadorias para serem vendidas na região do Serro Frio, a rigidez da coroa portuguesa fez com que Casa de Telha servisse também de caminho e abrigo para os contrabandistas, a localização geográfica era um forte aliado, as serras e o curso dos rios serviam como referência. Porque o ouro que era retirado ele nunca ficava para a população, ele era enviado para Portugal. Vem aí até a questão da escravidão na retirada do ouro.Inclusive o nome do atual povoado Guritas, vem de guarita , aquelas casinhas onde ficavam o guardião que seria o capitão do mato ,vigiando para ver se o ouro seria contrabandeado…”

Então o povoado, entrecruzado por importantes rotas comerciais, começou a crescer, era ali que os forasteiros se hospedavam e se divertiam, descansando das longas jornadas. Atualmente não há registros ou mesmo evidências da localização exata dessa antiga casa de telhas, mas relatos orais informam que ainda há pouco existia ruínas da casa em más condições e por isso foi desmanchada. Havia também uma capela dedicada ao culto de Nossa Senhora do Rosário, erigida onde hoje se localiza a Praça Aurélio Dayrell. A capela era coberta com sapé, suas paredes de pau‐a‐pique e piso de tábuas corridas, como nos informa o senhor Álvaro Gonçalves.